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II Seminário Permanente em Artes Visuais

publicado: 05/04/2021 15h47, última modificação: 14/11/2022 08h06

Paula Garcia

Minha pesquisa como artista nos últimos anos consistiu em desenvolver um procedimento artístico que eu intitulei Corpo Ruído. Esta prática opera com a capacidade daqueles dispositivos dos sentidos que podem gerar uma desestabilização da idéia de um corpo que experimenta. Optei por operar nos dispositivos acima mencionados, porque estes últimos são capazes de produzir distorções que podem afetar a compreensão usual de uma experiência, trazendo uma experiência perceptiva alternativa de um ambiente. Na minha prática eu criei uma série de performances em que eu cubro todo o meu corpo com ímãs muito fortes, enquanto outros artistas tocam esses imãs com pedaços de ferro industriais até o meu corpo desaparecer sob esse lixo e espaços inteiros imantados onde performa dentro. O conceito de “Noise Body” representa um corpo que é definido por uma soma de três fatores: precariedade, incerteza e risco. Os ímãs são elementos do meu trabalho que servem para discutir o conceito de forças. Não apenas do tipo subjetivo invisível, mas também do tipo mais evidente de forças sociais que trabalham para consolidar um sistema de poder que acaba moldando coisas como corpos, sentimentos, subjetividades e verdades. Nessas performances eu tento mostrar corpos desmontados, desmoronando. Em última análise, o que proponho em minhas ações é um uso performativo do meu corpo como “suporte material no qual as formas de conflito são inscritas”.

Em 2010, concentrei-me mais nos estudos e práticas curatoriais, combinando minha pesquisa artística, desenvolvendo projetos e pesquisas em conjunto com curadores de performance, como Marina Abramovic, Robert Wilson, Christine Mello e Chuz Martinez. Trabalhando em espaços importantes, como a Fundação Beyeler, o Watermill Center, SESC Pompeia, SP-arte e outros espaços no Brasil, Europa e Ásia.

O exercício curatorial e a prática tornaram-se uma importante área de interesse para mim, pois vi uma maneira de tornar viável e viável apresentar projetos de vários artistas que eu vinha acompanhando ao longo dos anos – operadores de uma linguagem (performance) ainda ostracizada do grande circuito – considerando o que tenho visto nos últimos anos. Em 2014 me tornei curadora associada do Instituto Marina Abramovic (MAI), no qual tive a oportunidade de curar e produzir importantes projetos junto a artistas e curadores internacionais e ainda mais, experimentando formatos de exposições, que acredito serem mais alinhados a valorizar as experiências artísticas, como fizemos em projetos como o TERRA COMUNAL | Marina Abramovic + MAI em São Paulo (Brasil / 2015), NEON + MAI | AS ONE realizado em Atenas (Grécia / 2016) e A Possible Island? realizada em Bangkok (Tailândia / 2018). Nesses projetos, trabalhei de perto com um grupo total de mais de quarenta artistas de diferentes partes do mundo.

Pesquisando, produzindo e curando, seja com o MAI ou em projetos independentes em parceria com centros culturais internacionais e instituições de arte, eu me dediquei a manter um profundo exercício de promoção do diálogo e uma abordagem afetiva e profissional com artistas e entre artistas. A expansão do potencial e formato de cada projeto de exposição, comissionamento e exibição de obras performáticas, aproveitando essas oportunidades, estimulando um diálogo próximo e intercâmbio artístico entre artistas (curador-artista, artista-artista) tornou-se minha principal motivação para cultivar meu trabalho. curadoria de pesquisa e trabalho, que ao longo dos anos me permitiu estabelecer e promover uma ampla rede de artistas performáticos e curadores, atuantes em diversas partes do mundo.

O II Seminário Permanente de Artes Visuais da UFPB dá continuidade aos objetivos propostos no I Seminário que ocorreu em 2020, visando criar um espaço regular de debates sobre temas de interesse para a atuação e formação discente/profissional/artística dos alunos(as) de Bacharelado e Licenciatura da graduação em Artes Visuais da UFPB e dos discentes do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV UFPB/UFPE).

Neste período de pandemia, o II Seminário Permanente abrirá as atividades remotas do semestre 2020.2 com 4 encontros/palestras cujos temas abordam questões emergentes para as artes visuais: experiências de curadoria nos meios digitais, decolonialidade, arte e tecnologia e performance.

O objetivo é possibilitar a criação de um espaço para reflexão, trocas, debates e proposição de estratégias e ações voltadas para a formação e a futura atuação profissional dos estudantes, contemplando eixos distintos de debate conectados às demandas da comunidade acadêmica e da sociedade atual como docência, mediação cultural, poéticas visuais, pesquisa, curadoria, produção cultural e artística.